Agente Penitenciário escreve poema em comemoração à aprovação da PEC 372/2017 que vai criar a Polícia Penal
Agente Penitenciário escreve poema em comemoração à aprovação da PEC 372/2017 que vai criar a Polícia Penal
O servidor é autor de diversos poemas que discorrem sobre o “sofrimento no cárcere”
Nosso homenageado do quadro Banco de Talentos, desta quinta-feira(17/10), é o Agente Penitenciário Elisiário Xavier Neto, 41 anos, especialista em “Gestão Prisional”, bacharel e licenciado em Educação Física. O servidor passou no concurso público de 2014 e foi nomeado em 2016. O Agente Penitenciário destaca que o SINSPEB exerceu papel de protagonismo na luta pela nomeação dos aprovados no certame. “O sindicato fez várias mobilizações em prol da nomeação, inclusive, ficou mais de seis meses acampado na ALBA para pressionar o Governo. O sindicato batalhou em nossa defesa!”, pontua o servidor, ao ressaltar a importância do SINSPEB às categorias que trabalham no sistema prisional baiano.
Membro da Academia de Cultura da Bahia, Elisiário Xavier Neto é autor de mais de 550 poemas que discorrem sobre questões ligadas ao sistema prisional, ao “sofrimento no cárcere”, e às diversas doenças adquiridas pelos presos mas, sobretudo, pelos Agentes Penitenciários que na maioria das vezes passa mais de trinta anos neste ambiente de perigo e hostilidade, desenvolvendo patologias, tais como: Síndrome do Pânico e Depressão que, em seus casos mais graves, podem ocorrer até mesmo suicídio. ” O Agente Penitenciário é a segunda profissão mais perigosa do mundo”, salienta Elisiário, ao destacar que o servidor é a maior vítima das enfermidades, “pois precisa conviver ao longo da vida com o cárcere”.
Nosso talento da semana explica que os poemas fazem uma reflexão, também, sobre questões raciais e de classe social devido ao perfil da maioria dos presidiários brasileiros: negros e oriundos da periferia do país.
O Agente Penitenciário salienta que muitos presidiários entraram para o mundo do crime devido à ausência do Estado que não proporciona condições mínimas de sobrevivência e acesso aos direitos sociais como educação, saúde, trabalho e moradia.
“O crime, de uma certa forma, é uma resposta a esse sistema de opressão. São pessoas que, desde o período de criança, sofrem preconceito racial, inclusive, na própria escola onde são alvos de chacotas, de apelidos pejorativos, de bullying e esse processo acaba afetando a autoestima e a autoaceitação dessas pessoas. “Então, infelizmente, muitos tornam-se adultos revoltados e perdem a noção de valores”, lamenta o Agente Penitenciário.
O servidor pontua que o “erro” não deve ser justificado, mas devemos levar em consideração que um indivíduo o qual não passou por um processo de educação familiar, fica mais vulnerável a ingressar no mundo do crime. “Às vezes nós achamos que os presidiários entraram na marginalidade porque quiseram, por livre e espontânea vontade. Mas, na verdade, o sistema faz com que o crime seja necessário. E essas pessoas, desde o período da infância, são empurradas a estarem na marginalidade devido à ausência do próprio Estado”, argumenta o Agente Penitenciário.
O poeta Elisiário Xavier frisa a importância de uma base familiar sólida que transmita ” bons valores”. ” Não justifica, mas é muito difícil uma pessoa não possuir uma família estruturada. Eu fui criado em um ambiente familiar pobre, passei muita fome, mas tive uma família que me cobrava valores e me dava exemplos desses valores. Uma família que me dizia todos os dias que, mesmo diante da dificuldade, eu não podia fazer nada de errado. Então, tive uma base familiar que me ajudou a não ser mais uma vítima desse sistema perverso que empurra, principalmente, pessoas pobres e negras ao crime”, reflete o servidor, ao frisar que, “antes de pensarmos em Reforma da Previdência e Tributária, precisamos de uma reforma moral no país”.
Nosso servidor que faz a diferença publica poemas na revista da Academia de Cultura da Bahia e em redes sociais. O servidor é divorciado, pai de duas meninas e de um rapaz, e tem como principais hobbies : escrever as poesias, jogar futebol, assistir filmes, viajar e curtir momentos com a família.
Ascom SINSPEB